A Vera Lucia Meneghetti tem 58 anos e vive há seis na Chácara do Primeiro, comunidade do bairro Aparício Borges, zona leste de Porto Alegre de onde a vista é inesquecível. Não são muitos anos, mas a Dona Vera, como é carinhosamente chamada e conhecidíssima por lá está no rol daquelas mulheres que não esperam acontecer, o típico “vamo? vamo!”. Como atividade profissional é cuidadora, coincidência ou não, ela também cuida da comunidade. Atualmente é a presidenta da Associação de Moradores e desde que assumiu, há três anos, implementou uma rotina para melhorar a vida das pessoas.
“Começamos um trabalho na comunidade com as mulheres, hoje temos um projeto de costura apoiado pela Misturaí. Temos também o Quentinhas do Primeiro, em que servimos refeições para mais de 40 crianças e ainda um grupo de idosos que recebem muito amor”, conta. Dona Vera teve quatro filhos, infelizmente vive a tristeza de ter perdido um. “Mas eu tinha mais três para cuidar. Me ergui e escondi essa grande dor. Minha maior felicidade foi o nascimento do primeiro neto, o Matheus Andrey”.
Ela nasceu e viveu grande parte da infância numa comunidade chamada Restinga Seca, no interior de Santo Ângelo, região central do Rio grande do Sul. A própria Vera já é uma mulher inspiração, mas ela se mantém modesta e cita a mãe, a dona Lídia, professora aposentada como inspiração. “Minha mãe ensinava a meninada da roça a ler, a escrever e também a fazer crochê e tricô”, recorda.
Sobre as mulheres no mundo de hoje, dona Vera pensa que elas têm que acreditar mais em si, nas suas capacidades. “Precisa uma ser amiga da outra, não ter rivalidade por que no momento, em que somos unidas, tudo fica melhor. Hoje, na minha comunidade, me sinto uma mulher privilegiada, pois muitos gostariam de terem feito o que nós, juntas, estamos fazendo. Faltou perseverança e acreditar em si. Tudo o que faço pela comunidade é com amor e respeito. Estou aqui para somar junto com as mulheres da comunidade”, completa.
Texto: Cátia Chagas – Comunicação Misturaí
Imagens: Arquivo Pessoal