Misturaí recebe visita de estudantes de São Paulo

Um evento digno de dizer estamos nos misturando. Com o propósito de conhecer novos territórios e instituições que desenvolvem trabalhos com comunidades, uma turma de 120 alunos do nono ano da escola Vera Cruz da zona Oeste de São Paulo, colocou a Misturaí no roteiro de uma viagem de cinco dias em Porto Alegre. A visita à Vila Planetário foi realizada nos dias 22 e 23 de maio.

Acompanhados pelas professoras Maria de los Angeles Rodrigues e Joana Mello Ribeiro Ruocco, os adolescentes, dividos em turmas, foram apresentados à Misturaí pela coordenadora do Gurizadaí, Tatiana Queiroz e pela vice-presidenta, Mara Nunes. Após assistirem a apresentação dos programas da instituição, entenderem o funcionamento, os alunos e alunas fizeram um tour pela Planetário.

Segundo a orientadora Maria, a escola sempre promove esse tipo de atividade para que os estudantes conheçam outras realidades em outras regiões do país. “Um projeto em que todas as áreas de aprendizagem estão envolvidas”, comenta. Foi a primeira vez que vieram para o sul do Brasil, e conforme a professora, desconstruiu totalmente a imagem que eles tinham de Porto Alegre. “Eles saem do universo em que vivem”, disse.

Já a professora de Ciência e Natureza, Joana, a ideia de trazer a turma para a capital gaúcha foi para que eles refletissem sobre “o quanto a ocupação do território, as produções feitas nestes territórios, revelam relação entre as pessoas e o meio ambiente e entre as pessoas. Estamos vendo que com este capitalismo predatório, temos um distanciamento cada vez maior do ser humano da natureza. E quando o ser humano se afasta da natureza, agente tem uma série de realções abaladas. A relação com este meio ambiente, pois se eu estou longe da natureza, aquilo vira uma coisa e não parte de mim, naõ algo que eu esteja vivendo dentro dela. Ou seja, está a fastada de mim, eu posso destruir, eu não vejo destruição, ela não me pertence”, afirma. E segundo ela, isso interfere na relação entre as pessoas também. Por exemplo, nas relações de trabalho, porque tem sempre alguém ganhando muito e muitos ganhando muito pouco, em uma relação exploratória”.

A visita dos estudantes foi para mostrar que a forma de como se ocupa o espaço, se relaciona com aprodução, se relaciona com os outros, faz com que se tenha desigualdade.

“Essa exploração do meio ambiente leva a uma séri de impactos muito grandes que se voltam contra nós. Então os alunos estudaram a quantidade de gás carbônico que tem na atmosfera, temperatura média, os níveis dos oceanos, e viram como isso está aumentando muito e quais os impactos na nossa vida”, explica Joana. “Olhar para enchente, para os impactos que ela causa, como a forma que se ocupa o território, tem a ver com o exemplo das enchentes. Como é possível ter outro tipo de relação que não seja predadório? Que reflete essa relação desse capitalismo, entre as pessoas, entre os territórios. Que eles consigam ver que as relações entre as pessoas são mais horizontais, quando as relações das produções são mais horizontais, conhecem do início ao fim, isso faz com que a relação com o ambiente seja menos predatório, mais harmoniosa”, comenta.

Ela destaca a visita às ongs como importantes porque são lideradas na maioria por mulheres, que mostram como olhar para o outro, cuidar do outro. “Essas relações mais colaborativas, que olham para a comunidade e não para o indivíduo, faz com que tenhamos relações mais harmoniozas, horizontais e que nos dá um respiro de como podemos viver daqui para frente.”